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É tempo de florescer!

Atualizado: 17 de jul. de 2022

Você está preparado para essa mudança?


Os dias de sol estão de volta e com eles o frescor da primavera. Após alguns meses na “escuridão”, dias mais coloridos começam a surgir e isso pode influenciar no nosso estado de humor.


"O valor da transitoriedade é o valor da escassez no tempo" (FREUD, 1916[1915])

Aqui na Holanda temos dias realmente escuros e gelados durante o inverno; inclusive escrevi um artigo sobre o fim de ano e como as emoções podem ficar ainda mais latentes nesse período gelado. Todavia o que venho abordar nesse breve artigo é justamente o contrario, é a alegria e o colorido que a primavera traz consigo!


Já no final do mês de fevereiro e início de março é possível observar que pequenas mudanças estão a caminho, não só nas ruas, mas também em nosso corpo.


É um sentimento de esperança que invade o nosso peito quando nos deparamos com os primeiros e frágeis bulbos que estão prestes a romper, ao notar que o sol nasce um pouco mais cedo e os dias estão cada vez mais claros. Isso nos faz crer que dias melhores virão!


Esse sentimento é descrito por Freud (1916) em seu artigo “Sobre a Transitoriedade”, o qual fala sobre a efemeridade das coisas, que, justamente por serem efêmeras, se tornam mais belas ainda.


“Uma flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela" (FREUD, 1916[1915])

Nesse artigo o psicanalista está conversando com um amigo taciturno e um jovem poeta durante um passeio em um belo jardim, num dia de verão e mostra o quanto esse momento pode ser fascinante se nos deixarmos usufruir dele.


O jovem poeta por sua vez, se mantém em um estado melancólico por saber que um dia toda essa beleza será destruída com a chegada do inverno. Freud nos atenta que só é possível obter duas atitudes diante desse fato e nos surpreende com elas.


Podemos simplesmente ter a mesma atitude do jovem poeta e anteciparmos um luto por esse objeto que sabemos que iremos perder em breve; mas esse processo iria nos fazer perder também a oportunidade de apreciarmos a beleza que a natureza nos apresenta nesse momento.

De acordo com Freud, a segunda opção seria aproveitarmos cada instante desse momento, justamente por sabermos que não irá durar muito. Mas enquanto ele estiver presente podemos nos deixar levar por esse sentimento de alegria, euforia e admiração.


Bem, quanto a isso não podemos reclamar! Aqui na Holanda, inúmeras atrações surgem durante essa época - os parques estão cheios, as ruas agitadas, todos querem “um lugar ao sol".


Isso serve para as demais ocasiões de nossa vida! Podemos simplesmente ficar antecipando um luto de algo que sabemos que iremos perder e insistirmos em nos queixar; ou podemos nos permitir viver, e assim aproveitar os bons momentos da vida, mesmo sabendo que eles não são tão frequentes como gostaríamos, pois não é possível ser 100% feliz o tempo todo.

O outono e o inverno também possuem a sua beleza, e não devemos ficar apenas à espera do verão para sair de casa. Porém, quem vivem em lugares mais gelados conhece o rigor do inverno, e sabe que se torna difícil sair de casa nesse período. A chega da primavera nos deixa mais dispostos, e até passamos a dar mais valor aos dias de sol, por termos ficado sem ele por tanto tempo.


O que gostaria principalmente de abordar nesse artigo é o fato de não deixarmos para amanhã aquilo que gostaria de termos feito. Não precisamos ficar a espera do “tempo perfeito”, que aliás nunca existirá. Podemos nos permitir e usufruir do que nos é oferecido!


Isso não é algo fácil, e muitas pessoas de fato não conseguem ver o “outro lado”- estão presas em uma tristeza profunda. As pessoas que não conseguem fazer isso por si própria precisam de uma ajuda profissional, como um acompanhamento psicológico, por exemplo. Isso pode ser bastante útil nesses casos.

O importante é aproveitar a beleza das coisas efêmeras, como a vida! Enquanto ela existir podemos nos permitir senti-la de maneira mais leve e agradável, usufruindo do que ela tem para nos oferecer.

Aproveitem!


*O compartilhamento desse artigo é autorizado desde que seja feita a referência à autora principal do texto.


Esse artigo foi escrito por Carolina Moreirão, Psicóloga brasileira residindo e trabalhando na Holanda, Pós-graduada em Psicologia Clínica pela PUC-Rio e participante de Formações Clínicas do Campo Lacaniano de Bruxelas.

REFERÊNCIAS:

FREUD, S. (1916[1915]). Sobre a Transitoriedade.Obras completas, Rio de Janeiro: Imago, 1996.vol. XIV.

Anotações pessoais feitas durante as aulas frequentadas de Psicanálise e Cultura, ministradas pela Prof. Doutora e Psicanalista Gloria Sadala, na pós- graduação (PUC-Rio).

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